IMMORTAL - Gostinho 16 e 17

Saudações Amantes da Irmandade!

Aqui estou eu de novo, com mais docinhos. Desta vezes o capitulo 16 e 17 de IMMORTAL. O famoso livro que está a dar tanto que falar.

Como assim Nasan? Dar que falar?
Ora minhas Amantes da Irmandade, está a dar que falar porque é o ultimo e que não será editado não é?

Pois é, é tão mau, é triste, é deprimente. Bem sei. E agora é aquela parte em que vocês me dizem. Mas Nasan, só publicas-te o Cap. 1; Cap 2; Cap 3; Cap 4 e Cap 5, onde anda os outros? 
Meus amores, eu avisei que o livro não seria todo traduzido aqui no blog. Nós queremos que a Leya edite o livro, e eu não quero levar com um processo em cima. Então sim, serão apenas 5 capítulos do inicio, meio e fim. Vi que vocês propuseram uma ideia mirabolante, um baixo assinado para que seja editado o livro. Mas aqui entre nós? Acham mesmo que isso resultaria? Duvido, depois imaginem o que era isso entrar na moda? As editoras [e falo em todas aquelas que iniciam e cancelam series] matavam-nos. No entanto proponho algo, O Que me dizem de me enviarem aqui, por email ou mensagem no facebook o pedido para a edição do livro? Eu junto TUDO e envio para a Leya, para tentar uma vez mais fazer pressão visto ser apenas o ULTIMO livro da serie. Podemos contudo, publicar na pagina do facebook a capa do IMMORTAL e lá vocês partilharem, comentarem que querem o livro, até podemos partilhar no mural da LEYA. Vamos chatear a LEYA ao maximo, vamos fazer com que eles nos oiçam e respeitem-nos como leitores de The Fallen Angels. Apenas um livro que falta, uma edição desse livro não será o fim do mundo. Digo eu com os nervos lol

Obrigada Nighshade pela tradução.

Mas vamos ao que interessa!

Anjos Caídos # 6

Immortal

Capítulo 16

As mãos de Devina estavam a sangrar.
Ao sentar-se aos pés da cama, ela repara no sangue quando tenta arrancar a manga rasgada do seu fato de cabedal.
Também havia algo no seu olho. Esfregando os dedos na colcha, ela descobre que uma das suas pestanas falsas tinha-se descolado e estava pendurada no canto do seu olho. Ela puxa a coisa e deixa-a cair no chão.
Aterrou num monte de pó cor de pele... ao lado do Compact Powder de Estée Lauder, cujo espelho estava rachado ao meio.
Respirando fundo, o seu nariz formigou com o cheiro intoxicante da cave: uma mistura de Ysatis de Givenchy, Paris de YSL e Coco Chanel e Chance Eau Tendre. Ela imaginou quanto tempo demoraria o sistema de ar condicionado a limpar o ar destes cheiros.
Muito tempo.
Especialmente considerando que aqueles frascos de perfume não foram os únicos que ela estilhaçou. Os vestígios da sua destruição na mesa de maquilhagem estavam rodeados de vidro partido e doseadores mutilados com os seus mecanismos de spray. Ela deve ter destruído uns quinze frascos diferentes.
Mas não se comparava com o que ela fez à sua colecção.
Olhando à carnificina de maquilhagem, malas, sapatos e roupas, ela não era capaz de acreditar que o tinha feito. O resultado da sua explosão de raiva deixou-a espantada com ela própria.
Nada de novo, excepto que isto não era nada de ficar orgulhosa.
O que ela arruinou era o que mais estimava, quando o que devia ter arruinado era o estúpido e arrogante Jim. Pior? Não se conseguia lembrar como tinha sido deitar tudo cá para fora. A sua raiva tinha sido cegante e feroz e só foi quando se sentou e reparou nas suas mãos ensanguentadas que ficou pasmada com ela própria.
Pelo menos, o Criador engoliu a sua história sobre o portal. Bolas, a confrontação depois de ter deixado Jim foi um bocado decepcionante, quase como se Ele já tivesse à espera.
Depois, ela tinha ido para ali e...
Deus, como é que ia limpar aquilo tudo? Havia centenas de cómodas e arquivos com as gavetas abertas, o seu conteúdo espalhado no chão de cimento. O seu complexo sistema de catalogação, com a sua lógica interna que fazia sentido para ela, era uma memória distante com os seus preciosos objectos misturados, tudo fora do lugar.
E havia coisas que tinham sido esmagadas pelos pés dela, também.
Vidro pisado, relógios esmagados, botões de punho e fivelas distorcidas e amolgadas.
Devina flecte as mãos e analisa as feridas nas suas palmas. Era evidente que ela tinha feito mais carnificina com as próprias mãos do que com magia.
Recompondo-se, ela levanta-se e dá um passo em frente para tropeçar e cair de lado, atirando uma das suas mãos cortadas para uma caixa vazia de sapatos que estava retorcida e deformada.
Ah, sim, havia um problema com os sapatos que ela usava. O sapato direito tinha perdido o salto-alto, por isso não havia como suportar o seu peso daquele lado. 
Pensou tirar ambos os sapatos... mas não havia como encontrar um par naquela confusão. Então, arrancou o salto-alto do outro sapato e fez deles sapatos rasos.
Bolsa. Ela andava à procura da sua bolsa, a sacola Dior que ela tinha usado antes de Jim se ter perdido no Purgatório. Ela tinha-o trazido de volta, e como resposta ele tinha feito uma grande festa ao reunir-se com aquela virgem de merda.
O facto de a sacola ser de prata metálica iria ajudar na sua localização. Deveria ajudar.
Poderia ajudar.
Pelo amor de Deus, ela tinha demasiados padrões de animais, pensou quando começou a passear pelos destroços. Zebra. Tigre. Chita. Engraçado, quando tinha organizado as suas bolsas pela cor, ela não tinha, realmente, visto o tipo de rotina em que se tinha metido.
Mais réptil, decidiu. Pele de crocodilo. Talvez alguma patente antiga de cabedal, e Hermès...
- Como a Grace Kelly.
Deus, a voz dela soava a desamparo, até para os seus ouvidos.
Mas porra, alguém como a Grace Kelly não teria o seu amante embrulhado com uma cabra magricela.
Ela podia pintar o cabelo de loiro. Sim, isso poderia resultar.
- Porquê, porquê...
Empurrando uma Birkin azul-céu para fora do seu caminho, ela dá um pontapé numa velha LV Manhattan para um monte de material acolchoado da Chanel.
Nada seria suficiente para ganhar esta batalha e ter a Sissy de volta. Ela teria que...
Devina olha em redor para as suas coisas.
... fazer isto àquela virgem de merda.
«Pony» de Ginuwine começou a tocar suavemente e ela vira-se seguindo o som, abrindo caminho através de cinquenta mil dólares de Prada antes que pudesse descobrir o que procurava, apesar de, quando encontrou o seu telemóvel, quem quer que fosse ter ido para o voice mail.
Limpando a sua mão, que ainda sangrava, no seu fato de cabedal arruinado, ela selecciona o contacto da sua terapeuta e liga-lhe.
Um toque. Dois toques. E depois aparece a voz irritantemente calma e sensibilizada da mulher, «Olá, entrou em contacto com o consultório de...»
Blá, blá, blá. Beep!
- É a Devina. - Ela teve que trocar de mãos e limpá-las outra vez. - Eu tive... - Ao engasgar-se, ela pensou em acabar a chamada e começar novamente, mas quem se importava. A senhora estava habituada a ouvir pessoas que perderam as estribeiras. - Tive uma recaída. Uma recaída séria. Não vou conseguir esperar até... - Quando é que era a sua próxima consulta? Não se conseguia lembrar. - Preciso de ir aí o mais cedo possível. Por favor... ligue-me.
Quando acabou a chamada, ela rezou para que a mulher tivesse uma vaga durante a manhã. Da parte da tarde, o mais tardar.
Porque ela não fazia ideia como seguir em frente.
Como uma perdedora patética, ela deixa-se sentar no chão e assim fica, rodeada pelas provas de como a sua vida imortal era uma porcaria. Ela estava demasiado esgotada para entrar em contacto com o seu ódio e a sua raiva, demasiado traída para arquitectar uma vingança, de coração partido para pensar sequer em Jim.
Devina deixou pender a cabeça e perguntou-se se isto seria, talvez, um castigo do Criador. Ela não passaria por cima Dele se imaginasse este tipo de tortura.
Ele tinha-lhe dito que a tinha criado para equilibrar o Seu mundo e as suas variadas criaturas e humanos. Ele sempre tinha lhe dito que ela servia um propósito importante. Mas ela sabia, melhor do que ninguém, que acreditar que Ele era imparcial era uma loucura. A verdade era que... Ele preferia o bem.
Sempre preferiu.
E isso não a aborrecia, necessariamente. Na verdade, ela gostava de ser a excepção... a maior parte do tempo.

Não neste momento. Não neste momento quando ela se sentia mais sozinha do que nunca.

Anjos Caídos # 6

Immortal

Capítulo 17

- Entãããoo, acho que vou para cima e tomar um duche antes de ir para a cama.
Sissy, ao falar casualmente, impressionou Jim com o seu subterfúgio: como se ela não tivesse objectivos e tivesse todo o tempo do mundo. Ela amassou o papel que tinha embrulhado o hambúrguer que comeu, colocando-o no saco mais próximo, forçando o papel contra uma caixa vermelha vazia de batatas fritas. Depois espreguiçou-se e abriu a boca com sono.
Mas Jim sabia melhor do que envolver-se... especialmente quando ela lançou-lhe um olhar capaz de derreter a pintura de um carro. Felizmente, Adrian estava concentrado nos seus Filet qualquer coisa, ou já tinha começado com os Big Macs?
Como se Jim se ralasse com isso.
- Boa noite, Ad. - Quando Sissy se aproximou o outro anjo olha para ela e oferece a cara. - Dorme bem.
- Tu também, Sissy.
O beijo que ela deu ao sacana não demorou mais do que um nanosegundo e o que Adrian fez foi inteiramente inocente, mas mesmo assim, Jim teve que chamar os seus cães interiores para não abrir a garganta do seu asa-direita.
Possessivo demais?, pensou.
Sissy inclinou-se e pegou no seu lixo, e para evitar que a comesse com os olhos, literalmente, ele concentrou-se em desembrulhar o seu próximo hambúrguer.
 - Espera - disse-lhe. Depois olhou para Ad. - Tens o teu telefone?
O anjo apoiou-se numa nádega e tirou a coisa do bolso.
- Sim. Perdeste o teu da Terra das Cinzas?
- Não. Ah... Importas-te de tirar uma fotografia.
- Queres uma foto? Pensei que já estivesses a tua carta de condução com a tua carantonha.
- Não, minha e... - Jim tossiu para a mão e interrompeu-se.
Que merda estava ele a dizer?
- Da destruição da sala. - Concluiu ele.
- Como se fosses fazer algum pedido de seguro?
- Só para que não se estraguem as coisas com o senhorio.
Ad olhou para a destruição.
- Sem ofensa, mas acho que isso já aconteceu.
Excepto o anjo começou a obedecer, levantando o seu iphone e a tirar fotos à medida que continuava a comer. Passado um momento, Sissy disse adeus com a mão e saiu.
Deus, ele podia ouvir cada um dos passos dela, imaginou-a ir até ao hall para o quarto, entrar na casa de banho, lavar os dentes - talvez a tomar um duche. Ele viu-a...
Bem, porra, ele viu-a nua. Realmente, muito, totalmente nua.
De volta ao hambúrguer. Que agora sabia como cartão e não porque vinha dos arcos dourados.
Ele olha para Ad quando o anjo acaba com as fotos. E imaginou como seriam as coisas se o tipo não o tivesse ajudado a regressar do Purgatório.
- Então... obrigado - disse Jim.
Ad enfia o telemóvel no bolso, e enfia mais umas batatas fritas na boca.
- Tu não viste o quão horríveis estão. E acho que tenho gordura no óculo da câmara.
- Sabes do que estou a falar.
Houve uma longa pausa.
- Não precisas de o dizer.
- Preciso.
- Bem, como queiras. Eu não tinha intenção de deixar a Devina levar-te. Eu já perdi o Eddie... portanto, acabei com essa treta do imortal-excepto-não-verdadeiramente. - O outro anjo olhou para o lado. - Além disso, tu farias o mesmo por mim.
- Fico feliz por saberes isso. E é verdade.
- Sim, percebi que se estavas na disposição de ir até ao Purgatório resgatar o finório do Nigel, tu farias o mesmo por mim, também.
Comeram em silêncio por um momento. Depois Jim teve de perguntar:
- Como vamos saber se o Criador vai fazer alguma coisa?
Ad riu-se.
- Na minha experiência, e tenho alguma no que diz respeito em irritar o manda-chuva, o que quer que seja, acontece depressa.
- Então, estás a dizer que deva guardar uma parte disto - ele segura no hambúrguer - para o Cão.
- Penso que seria uma boa ideia.
Jim acena na direcção das cortinas que fecharam, ocultando os vidros partidos.
- O meu feitiço de protecção só actua até um certo ponto. Continuamos a ter que fazer um melhor trabalho a manter os elementos lá fora.
- Chama-se Home Depot, amigo. Vou até lá amanhã. Arranjo algum contraplacado, martelo e pregos. Eu costumava trabalhar na construção, lembras-te?
Jim pensou na altura em que conheceu o gajo... e Eddie. Meu, o par havia sido uma boa combinação, sal e pimenta. A morte podia mesmo ser cruel, pensou.
- Sabes onde está o Eddie? - Perguntou.
- Sim, lá em cima no sótão.
- Não, quero dizer... onde é que estará?
- Estás a pensar em ser um herói outra vez? - Ad abana a cabeça. - Acho que tentarmos a sorte com um portal é mais do que suficiente.
- Podia ir até ao Criador, sabias?
- Achas que eu já não fui?
Jim pensou no quanto teria sido difícil para Ad.
- Desculpa. Em relação...
- Vamos mudar de assunto, está bem?
- Sim. Okay. - Jim acabou o jantar e bebeu um grande gole da sua Coca-Cola. - Bem, temos que encontrar a próxima alma. Isto é missão crítica. Tens algumas ideias?
- Parecem que elas vêm sempre ter contigo. - Ad encolheu os ombros e focou-se na sua segunda porção de batatas fritas. Ou era a terceira? - Pessoalmente, acho melhor que seja assim do que irmos à caça de gambozinos.
Jim pensou na primeira batalha... a de Vin diPietro, e as pistas subtis que os aproximaram. Essa tinha sido a única altura em que lhe tinham sido dado indicações. O resto das batalhas têm sido «sorte»: Matthias. DelVecchio. Depois Matthias outra vez. E finalmente os gémeos. Adrian provavelmente tinha razão, se se pensasse nisso.
Talvez ele devesse ter confiado mais no sistema desde o início.
- Bem, vou-me deitar, se não te importares - disse a levantar-se. - A não ser que precises de ajuda a limpar isto?
Ad riu-se.
- Isto é enfrentar sacos de papel, não a sala. Acho que consigo dar conta do recado.
- Fixe. Boa noite.
Ele estava quase a atravessar a porta quando Ad falou pausadamente:
- Mantém a Sissy quentinha, companheiro.
Jim congela e olha por cima do ombro. Antes que pudesse dizer alguma coisa, o outro anjo encolhe os ombros.
- Vá lá, ela não te disse boa noite. Achas que sou estúpido?
- Não é disso que se trata.
- Não te preocupes. - Ad abana a cabeça. - Tu estavas pronto a deixá-la para reaver o Nigel. Tu pões tudo a favor para a guerra. Sei que estás de volta ao jogo, e que vai continuar assim. E ouve, se eu tivesse um abrigo nesta tempestade... eu também o utilizaria. Portanto, aproveita enquanto podes, mas... mantém os sons do sexo baixos, okay? É demasiado frustrante.
Jim franziu o sobrolho.
- Sinto que tenho de dizer isto. Eu não irei ficar distraído por nada nem por ninguém.
Novamente, se ele jogasse isto correctamente? Ele e Sissy poderiam resolver as merdas depois.
Entretanto, ele não tinha intenção de manter as mãos só para si.
- Compreendido - disse Adrian. - Mas vou comer o teu sundae, que é a única satisfação que me resta.
***
Uma boa meia hora mais tarde e Sissy não era a única que tinha tomado um duche antes da «cama».
Provavelmente ela não desperdiçaria vinte minutos a fazer a barba, pensou Jim ao inclinara-se para o espelho por cima do lavatório.
Verificou duas vezes o seu maxilar, o objectivo era ficar com cara de bebé, e ele fez da sua Gillette de cinco lâminas a ferramenta que prometia ser. Nenhum risco de a barba a arranhar, pelo menos nas próximas duas horas.
Havia tanto vapor na casa de banho que ele teve de limpar o espelho com o seu braço, mais uma vez, para inspeccionar o outro lado da cara. Não se conseguia lembrar da última vez que fez isto para uma mulher... e depois reparou que, tal como «eu amo-te», era a primeira vez.
Dando um passo atrás, ele decidiu que a sua aparência estava o melhor que era capaz de fazer. A ferida da facada no seu ombro estava praticamente curada, e as olheiras nos seus olhos já não se notavam tanto, desde que não estivesse directamente debaixo de uma luz. Será que ela gosta de água-de-colónia?
- Não que tenha alguma - murmurou a pegar nas suas roupas e a abrir a porta.
O ar mais frio e mais seco foi mais eficiente que uma equipa de limpeza depois de uma festa, desumidificando e dissipando o vapor de tudo. Fez o mesmo à sua cabeça, e a dose de realidade que se seguiu, o choque duro da clareza em relação ao que ele estava prestes a fazer, fê-lo hesitar.
Okay, está bem. Ele estava nervoso.
Por cima dele, passos fizeram ranger o chão do sótão, indicando que Adrian se estava a deitar, outra vez, junto de Eddie, provavelmente numa cama feita de velhas roupas vitorianas e uma caixa de sapatos a servir de almofada. Não que o anjo se fosse importar com isso. Ele era duro de roer.
O filho da puta havia sacrificado tanto para ganhar. E o que recebeu de volta?
Perdeu um bom amigo. E comida de plástico nesta noite.
Uma compensação do caraças.
Com uma imprecação, Jim foi para o seu quarto, colocou as roupas na pilha da roupa suja, e escolheu uma versão de roupa limpa igual à da suja: uma T-shirt Hanes branca, calças de ganga azuis. Deixou os pés descalços. Com alguma sorte, ele estaria nu dentro de pouco tempo, portanto, quem precisava de meias e sapatos?
Ele não conseguiu resistir de dar uma última olhadela ao espelho e alisar o seu cabelo. O corte dele estava crescer, e o facto de já não ser um requisito obrigatório, fazia-o sentir comichão.
Velhos hábitos de ter sido um militar eram difíceis de matar.
Quando estava prestes a virar-se, ele semi-cerra os olhos e pensa em Devina. Durante o jantar, Sissy e Ad tinham partilhado com ele pormenores de como haviam criado o portal para o Purgatório, e isso fê-lo pensar nos dois que o Criador havia criado.
Um era o espelho de Devina.
Ele tinha visto a coisa feia uma vez, quando descobriram o apartamento dela no distrito. Ad, ou teria sido Eddie? Provavelmente Eddie, havia dito que ao se apropriarem daquilo era a única maneira de atingir Devina de forma brutal. Roubar as propriedades de transportação dela, e ela ficaria presa no Inferno ou neste lado. Mas tinha que se ter cuidado ao fazê-lo. Se se estilhaçasse a superfície da forma convencional, segundo o que ele se conseguia lembrar, a pessoa também era destruída, rebentada em mil pedaços junto com o espelho.
Sem salvação possível.
A tentação de eliminar a cabra quase que o consumia, mas ele tinha que se perguntar o que existiria no outro lado de tudo aquilo. Alguma coisa pior? A maneira mais segura era ganhar a guerra e deixar as regras do Criador tomarem conta dela.
Excepto, que se foda a segurança. Para ele, existia a lei da equidade que exigia que ela perdesse a coisa que lhe era mais querida, relacionada pelo facto de ter arruinado Sissy e de ter arrancado Eddie do alcance de Adrian.
E mais, já estava farto de se desculpar por referir Sissy desta maneira.
Ela, sem dúvida, que se sentia tal como ele.
Com isso em mente, ele deixou o quarto e fechou a porta silenciosamente, mesmo que não houvesse motivo para fingir que estava a dormir na sua própria cama.
Se calhar ele queria proteger a virtude dela, mesmo se fosse hipoteticamente.
Mesmo que ele tivesse prestes a tirá-la.
Quando começou a percorrer o hall, atrás dele, na escada principal, o relógio de pêndulo começou a tocar, as badaladas sincronizadas com as suas passadas.
Como se a maldita coisa o estivesse a perseguir.
Parando, ele vira-se, e pondo a palma da mão no ar, cria uma parede de moléculas.
Funcionou perfeitamente. Independentemente do que aquele relógio estivesse a aprontar, ele já não era capaz de o ouvir.
A porta do quarto de Sissy era igual às outras do segundo andar: dois metros de altura, um metro de largura, dois conjuntos de painéis erguidos que eram mais largos em cima, e mais pequenos em baixo. A maçaneta era de cristal e cortada num padrão de raios de sol, e à medida que via a sua mão a aproximar-se, ele pensou no filme O Sexto Sentido, em que as maçanetas que importavam tinham sido todas vermelhas.
Com essa teoria, então esta maçaneta devia de ter sido feita com um rubi gigante.
Ele não bateu à porta, limitou-se a abrir e a entrar, e na escuridão, a primeira coisa que ele cheirou foi a champô. Era diferente das coisas que ele e Adrian partilhavam, e ele apostava que tinha vindo daquela viagem que fizeram ao Target.
- Sissy?
Quando ela não respondeu imediatamente, uma injecção de puro pânico foi até ao seu córtex cerebral, mas depois ouviu barulhos por entre os lençóis. Indo até aonde ela estava, ele colocou a sua palma mais uma vez no ar.
À medida que um suave brilho emanava da sua mão, ele descobriu-a virada de frente para ele, o seu cabelo loiro espalhado na almofada, as suas pestanas fechadas, os seus lábios abertos parcialmente.
Por um longo momento ele ficou ali, a olhar para ela a dormir. Engraçado, ao vê-la a descansar, ao estar ali para a proteger... foi muito melhor do que a pretensão de vir a ter sexo. Aliás, era mais correcto.
No fim de contas, as pessoas tinham uma maneira de fazer más decisões após o drama de vida ou morte. Não significava que eram fracas, bem pelo contrário. Significava que tinham sobrevivido e que estavam contentes de estarem vivas.
Ele tinha pensado muito assim no passado.
E, bolas, se ela queria usá-lo? Estava mais do que na disposição de fazer o que quer que ela necessitasse, ir para onde ela quisesse ir.
Excepto na luz da manhã, ela poderia ter uma visão diferente das coisas. E quem a podia censurar se a tivesse?
Portanto, sim, um pequeno sono para recarregar baterias era provavelmente uma coisa boa... mas ele não regressou ao seu quarto. Ele percorreu a cama, levantou os lençóis e os cobertores, e deslizou para junto dela. Ele pretendia estar só ali deitado a ouvir a respiração dela, mas quase imediatamente, ela vira-se para ele sabendo que estava lá, e aconchegou-se para junto dele.
Santa merda, ela estava extremamente nua.
Mas isso não mudou o seu plano.
Compondo-a nos seus braços, ele aconchegou a cabeça dela por baixo do seu queixo barbeado e fechou os olhos.
No espaço de um ritmo cardíaco, ele já estava a dormir.

1 comentários:

Sunshine ;) disse...

É muito bom ter estes pequenos excertos para relembrar a memória, obrigada Nightshade :)

Gostei da ideia chefinha, vamos mostrar à Leya quem manda ;)

 

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